A Cozinha Italiana

Um equívoco que diz respeito à Itália está ligado à sua cozinha. Neste caso, o lugar comum é que os italianos comem muito, sobretudo espaguetes e pizza.
É preciso, apesar de tudo, esclarecer que espaguete não é o nome de um prato, mas apenas um tipo de massa. Espaguetes, macarrão, tortelini, ravioles, nhoques, taliatelas, lasanhas e tantos outros tipos de massa fazem parte de um prato tradicional justamente chamado "pastaciutta" (literalmente massa seca), assim definido, provavelmente, para distingui-lo de um outro prato italiano tradicional: a "minestra" (sopa).
A "pastaciutta" é uma massa escoada, temperada com diversos tipos de molhos. A "minestra", igualmente, pode ser feita de várias maneiras e é constituída em geral de massa ou arroz, legumes, verduras cozidas na água ou no caldo de carne, e temperada de maneiras das mais diversas.
Numa família italiana pode faltar a "pastaciutta", mas é difícil que ao menos em uma das duas refeições quotidianas esteja ausente a sopa.
Outro equívoco diz respeito ao facto de que os italianos sejam comilões. Foi provocado, provavelmente, pela sua hospitalidade. Na Itália, quando há um hóspede, ou nas festas anuais, quando a família inteira se reúne, é comum prepararem-se pratos especiais que compreendem entradas, sopas, cozido, massa, diferentes tipos de carne, acompanhamento, doces e café. É uma forma, como outras, de demonstrar simpatia pelo hóspede ou para festejar filhos ou parentes distantes que se vêem raramente. O hóspede fica, obviamente, sensibilizado por tanta abundância e acaba por contar para outros, surpreso, que participou de verdadeiros jantares luculianos, convencido de que, mesmo na sua ausência, aquele é o tipo de alimentação seguida pelos italianos.
Mas a realidade é bem diferente. Na Itália, o jantar é constituído simplesmente de um primeiro prato (sopa ou massa) e de um segundo (carne ou peixe) com algum acompanhamento. O doce é consumido raramente, enquanto tem sido o hábito de comer uma fruta.
A cozinha italiana, assim como todas as outras formas de vida, ressentiu-se das dominações sofridas no decorrer dos séculos e, portanto, é muito variada e diferente de região para região.
Não existe, praticamente, uma cozinha nacional, mas sim uma cozinha regional e local. Também neste caso, portanto, certos usos levados para o exterior pelos emigrantes italianos constituem apenas hábitos das zonas de origem e não do país todo.